Quando falamos de cultura brasileira, temos que buscar entendê-la a partir das matrizes que a constituem: a européia, a africana e a indígena. Nosso foco é buscar entender a influência africana em nossa cultura, uma vez que já existem numerosos estudos sobre as outras matrizes.
Quando falamos de continente africano, temos que ter em mente que não se trata de um único povo ou de uma única cultura. Quando falamos de África, estamos nos referindo a uma grande diversidade de culturas e povos que influenciaram os costumes, as crenças, os valores, a culinária, a música, a língua e outros aspectos culturais de nós brasileiros.
São mais de cinco milhões de pessoas oriundas da África que vieram para o Brasil entre os séculos XI e XIX. Muitos da região banto, que agrupa uma quantidade de mais de 300 línguas semelhantes. Outros da região sudanesa onde há uma enorme variedade lingüística, porém vamos destacar dois principais grupos de falantes das línguas chamadas de iorubá e ewe-fon.
A proximidade entre a estrutura lingüística do português europeu antigo e regional e as línguas africanas facilitou a mestiçagem lingüística e deram nova sonoridade à língua portuguesa falada no Brasil. Atualmente ainda encontramos inúmeros dialetos de origem banto falados na zona rural de vários locais do país, principalmente nas áreas onde vivem remanescentes de antigos quilombos.
Muitas palavras faladas no nosso cotidiano são derivados portugueses a partir de uma mesma raiz banto como por exemplo esmolando, dengoso, sambista, xingamento, caçulinha, entre outras. Temos casos da própria palavra banto substituir o equivalente em português: xingar/ insultar, caçula/benjamim, dendê/óleo-de-palma, bunda/nádegas, marimbondo/vespa, cachaça/água-ardente, cochilar/dormitar, molambo/trapo, etc.
As línguas de origem iorubá e ewe-fon estão ainda vivas nos espaços religiosos de matriz africana, principalmente no Candomblé. Apesar de uma enorme perseguição das lideranças afro-religiosas no decorrer dos séculos, estas línguas são ainda faladas e funcionam como veículo de integração e ascensão na hierarquia sócio-religiosa. Conhecida como língua-de-santo, a sua influência e divulgação acontecem principalmente através da música popular brasileira.
PESSOA DE CASTRO, Yeda. No canto do acalanto. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais,
1990. (Série Ensaio/Pesquisa, 12)
______. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Academia
Brasileira de Letras; Topbooks Editora. 2001.
______.Os falares africanos na interação social do Brasil Colônia. Salvador: Centro de Estudos
Baianos/UFBA, 1980. n.89.
______. A língua mina-jeje no Brasil: um falar africano em Ouro Preto do século XVIII. Belo Horizonte:
Fundação João Pinheiro, 2002. (Coleção Mineiriana).
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ResponderExcluirgosteeeeei
ResponderExcluirmuto bom!foi exatamente isso que meu professor de port pediu!vlw mesmo!!!!muito bom!!!!!!!!!!!!
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