domingo, 8 de março de 2009

A Contrução da Identidade dos Afro-Brasileiros




Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque é capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque é capaz de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. É a “outredade” do “não-eu”, ou do tu, que me faz assumir a radicalidade de meu eu.

Paulo Freire[1]




O processo de construção de determinada identidade não é um processo linear. Trata-se de uma complexa rede de relações onde se estabelece a multiplicidade da própria noção de identidade. Existem diversas delas: identidade de gênero, racial, etária, cultural, de sexualidade entre outras. As identidades são importantes mecanismos de inclusão e exclusão nas redes de relações sociais, pois afirmam as referências culturais dos grupos.




Construir uma identidade negra positiva em nossa sociedade é um desafio que se faz urgente e necessário, já que, historicamente, nos foi ensinado que os negros e negras precisavam negar a si mesmos para serem aceitos nos grupos sociais. Vivenciamos uma negação dos heróis e modelos negros, a inferiorização de suas características físicas e a desconstrução das memórias deste grupo social. Tais fatores são mecanismos estratégicos de exclusão que têm como elemento primordial a destruição do pertencimento identitário racial positivo.




Este blog tem como objetivo divulgar saberes pertinentes a cosmovisão africana de modo que possa contribuir com a construção de uma identidade dos afro-brasileiros. O enfoque dado pelos livros didáticos somente na escravidão, na pobreza e no sofrimento não oferece a dimensão da história de luta, resistência e dos valores culturais dos africanos, que enriqueceram nosso país durante séculos, muito pelo contrário, ajuda a fortalecer os estereótipos preconceituosos e racistas.




[1] FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. _ São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura)

Fotografia de Pierre Fatumbi Verger

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