Ao afirmar que "Exu é o diabo" estamos cometendo um grande equívoco que tem suas raízes históricas na formação do povo brasileiro. Com o advento das grandes navegações, os portugueses se depararam com uma imensa variedade cultural: culturas africanas, indígenas e dos povos do oriente eram geralmente consideradas como inferiores, exóticas e que traziam elementos diabólicos. A visão etnocêntrica dos europeus influenciou a concepção de Exu no Brasil que não corresponde aos simbolismos mitológicos da cosmovisão africana.
No século XVI, a Europa vivia um momento de intensos conflitos religiosos com o avanço do Protestantismo. A Igreja perdia um grande número de fieis. Quando os jesuítas desembarcaram nas novas terras invadidas por Portugal, viam um campo fértil para conquistar novos adeptos através da catequisação. Os padres usavam o teatro para catequisar os índios e em suas peças maniqueístas, os personagens do bem eram os santos católicos e os do mal tinham nomes indígenas. As histórias mitológicas dos espíritos das florestas eram traduzidas para tentar convencer os ameríndios que seus hábitos como o tabagismo, a nudez, a poligamia eram inspirados pela astúcia do diabo e que deveriam ser abandonados seguindo os preceitos religiosos europeus.
Com os africanos não foi diferente. Os deuses africanos de diversas localidades logo foram associados ao demônio. Inquices, voduns, orixás foram considerados pelos portugueses como facetas do maligno e proibiam os africanos que chegavam ao Brasil de cultuar seus antepassados. Portões do esquecimento também foram construídos em diversos portos africanos para que os homens e mulheres que foram sequestrados de suas terras, ao atravessar tais portais, pudessem deixar para trás todo seu passado. Alguns eram obrigados a dar voltas numa árvore que os colonizadores diziam fazer esquecer sua cultura.
O orixá Exu foi o mais associado ao diabo, talvez por sua aproximação com a sexualidade e com elementos que lembram o deus greco-romano Príamo, guardião das casa, ruas e encruzilhadas. Recentemente foi lançado o livro "Exu e a Ordem do Universo" do Síkírù Sàlámi e Romilda Iyakemi Ribeiro. Os autores afirmam que a obra é resultado de quase três décadas de estudos e diálogos que se enriqueceram com as dezenas de viagens à África iorubana para vivenciar o que significa realmente este orixá. Trata-se de uma obra séria e consistente que procura ressignificar Exu dentro do contexto do panteão iorubá.
Na mitologia iorubá, Olorum é o criador do universo e os orixás são as forças da natureza que regem o visível e o invisível. Exu, em nenhum momento aparece como opositor de Olorum assim como Satã se opõe a Deus na tradição judaico-cristã. Muito pelo contrário, ele é co-criador. Exu é considerado como simbolismo dinâmico que está presente em tudo no universo.
No século XVI, a Europa vivia um momento de intensos conflitos religiosos com o avanço do Protestantismo. A Igreja perdia um grande número de fieis. Quando os jesuítas desembarcaram nas novas terras invadidas por Portugal, viam um campo fértil para conquistar novos adeptos através da catequisação. Os padres usavam o teatro para catequisar os índios e em suas peças maniqueístas, os personagens do bem eram os santos católicos e os do mal tinham nomes indígenas. As histórias mitológicas dos espíritos das florestas eram traduzidas para tentar convencer os ameríndios que seus hábitos como o tabagismo, a nudez, a poligamia eram inspirados pela astúcia do diabo e que deveriam ser abandonados seguindo os preceitos religiosos europeus.
Com os africanos não foi diferente. Os deuses africanos de diversas localidades logo foram associados ao demônio. Inquices, voduns, orixás foram considerados pelos portugueses como facetas do maligno e proibiam os africanos que chegavam ao Brasil de cultuar seus antepassados. Portões do esquecimento também foram construídos em diversos portos africanos para que os homens e mulheres que foram sequestrados de suas terras, ao atravessar tais portais, pudessem deixar para trás todo seu passado. Alguns eram obrigados a dar voltas numa árvore que os colonizadores diziam fazer esquecer sua cultura.
O orixá Exu foi o mais associado ao diabo, talvez por sua aproximação com a sexualidade e com elementos que lembram o deus greco-romano Príamo, guardião das casa, ruas e encruzilhadas. Recentemente foi lançado o livro "Exu e a Ordem do Universo" do Síkírù Sàlámi e Romilda Iyakemi Ribeiro. Os autores afirmam que a obra é resultado de quase três décadas de estudos e diálogos que se enriqueceram com as dezenas de viagens à África iorubana para vivenciar o que significa realmente este orixá. Trata-se de uma obra séria e consistente que procura ressignificar Exu dentro do contexto do panteão iorubá.
Na mitologia iorubá, Olorum é o criador do universo e os orixás são as forças da natureza que regem o visível e o invisível. Exu, em nenhum momento aparece como opositor de Olorum assim como Satã se opõe a Deus na tradição judaico-cristã. Muito pelo contrário, ele é co-criador. Exu é considerado como simbolismo dinâmico que está presente em tudo no universo.
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